logo_cacs
NextPrevious

Qual o som da língua inglesa você acha mais difícil de pronunciar?

“My mudder finks fader is a man of faif”. Qual o som da língua inglesa você acha mais difícil de pronunciar? Milhares, senão milhões de pessoas, diriam que é o som do /th/, seja em /mother/ ou em /mith/. Se você não é muito fã desse som, uma boa notícia: linguistas dizem que por volta de 2066 o som do “th”, essa consoante interdental irá desaparecer completamente da língua inglesa falada em Londres.

Isso graças ao importante fator multicultural promovido pela migração de pessoas de vários países para a capital inglesa e também pela interferência do uso de voz na tecnologia.

Especialistas da Universidade de York acreditam que nas próximas décadas a imigração será a principal motivação das alterações na língua.

O “th” (som também chamado de fricativa não-sibilante dental soletrada) tende a ser substituído por um “f”, “d”, ou “v” significando que “mother” poderá ser pronunciada como “muvver” ou “mudder“, “thick” como “fick“, e “think” como “fink”, por exemplo.

O especialista em sociolinguística da Universidade de York, Dr. Dominic Watt, acredita que o fato de Londres ser a cidade linguisticamente mais influente da língua inglesa, essa e outras mudanças serão mais fáceis de surgirem.

“As grandes mudanças na forma como falamos nos próximos 50 anos envolverão uma simplificação da estrutura sonora das palavras, elas se tornarão mais curtas, provavelmente”, afirma Watt.

É fato conhecido de que os sotaques na capital inglesa seguem padrões muitas vezes definidos pela classe social. Na Inglaterra existem vários padrões diferentes, sendo os principais: Southern, West Country, Cockney, West Midlands, Eastern, Scouse, Yorkshire, Lancashire (Lanky), Geordie e Northern.

Até mesmo esses padrões de sotaque têm sofrido interferências do multiculturalismo presente na capital londrina.

De acordo com o Sounds of The Future, relatório produzido pela Universidade de York a partir de um estudo que envolveu a análise de gravações dos últimos 50 anos, bem como o uso de linguagem de mídia social, o inglês mudou nos últimos 50 anos e a análise pode identificar padrões que parecem repetir ao longo dos anos.

O Dr. Watt diz que nossas vozes se tornarão cada vez mais cruciais e vamos usá-las para interagir com a maioria das máquinas e dispositivos. Os teclados se tornarão obsoletos e nós nos tornaremos completamente confortáveis falando com nossos carros, máquinas de lavar e outros eletrodomésticos.

O relatório vê “uma preferência por uma linguagem informal, falante e jocosa nos domínios tecnológico e científico” como um fenômeno recente, mas que tende a se tornar mais importante na mudança de vocabulário e pronúncia.

“O fato de que tantas inovações na computação vêm da Califórnia é, sem dúvida, ligada a esta abordagem descontraída e despretensiosa”, diz Watt.

As línguas, de uma forma geral, mudam quando em contato com outras e o multiculturalismo intenso na capital inglesa promove várias mudanças nesse sentido. A expectativa baseada no estudo é de que haja ainda outras mudanças na maneira como se pronuncia outros sons da língua inglesa.

Como exemplo, o “l” no final das palavras deverá ser descartado de forma que as palavras “Paul“, “paw” e “pool” tenham todos o mesmo som. Outro exemplo interessante apresentado pelo estudo é o caso de “text” perderá o “t” final para se tornar “tex“.

“TH” stopping –  as consoantes dentais “th” serão trocadas por “d”, e “this” ou “that” se tornarão “dis” e “dat”.

“TH” fronting – palavras iniciadas com o som de “th” serão esquecidas. Assim, “thin” se tornará “fin”, e “think” será “fink”.

Consonant smushing – “w” e “r” já são similares na pronúncia para muitos ingleses, mas essas letras entrarão em colapso formando um único som. Palavras com “ch” e “j” podem se tornar impossíveis de distinguir na pronúncia.

Fonte: Sounds of the Future, University of York

Brendan Gunn, treinador de voz que atualmente trabalha com Pierce Brosnan em sua nova série nos Estados Unidos, disse: “a geração mais jovem sempre quer ser diferente da geração mais velha e esse processo continuará ao longo da história. alto ou totalmente gelada. Mesmo na família real, é provável que o príncipe George fale muito diferente da rainha. Em Londres, acho que veremos o ‘th‘ se tornar um ‘f‘ o tempo todo”.

A tecnologia também vai mudar a forma como as pessoas falam e os especialistas prevêem que, à medida em que a inteligência artificial emerge, os computadores poderiam começar a inventar novas palavras.

O Dr. Watt acrescentou: “é concebível que algumas das palavras que entrarão em inglês nos próximos 50 anos terão sido inventadas pelos computadores porque, à medida que os computadores se tornam mais inteligentes, pode ser que eles comecem a criar palavras próprias e a virar as costas para nós.

O relatório Sounds of the Future foi encomendado pelo HSBC para coincidir com o lançamento de seu novo ID de voz, que está sendo lançado para 15 milhões de usuários.

  • Rafael Wendel dezembro 15, 2016 at 5:57 pm

    Teorias muito interessantes, mas fico triste com a perda de diversidade fonética

    • Cacs Línguas UFMG dezembro 23, 2016 at 1:34 pm

      Sim, concordo, mas as línguas evoluem e esse processo é constante. Nossa expectativa de vida é pequena para grande parte das mudanças que ocorrem, e as interferências das migrações e das interações multiculturais tendem a aumentar a velocidade e a quantidade de mudanças.

  • Leo D. silva janeiro 19, 2018 at 6:49 pm

    Prefiro ficar com padrão atual… Afinal tudo isso é especulação, pode acontecer e pode também não acontecer.

NextPrevious