O espanhol não é nada além do que uma variedade do latim, que evoluiu ao longo de 1500 anos desde a queda do Império romano. Ao longo desse tempo tem sofrido variadas influências, dos povos germanos, árabes e das línguas originárias americanas.
O latim pertence ao galho itálico do indo-europeu, uma língua pré-histórica hipotética falada cerca de 4 mil anos atrás. Uns dois mil anos antes de Cristo, ondas migratórias procedentes de áreas próximas ao Mar Cáspio ou ao Mar Negro levaram sua língua ao este e oeste, atingindo por um lado a Britânia e Hispânia e, pelo outro, a Índia, razão pela qual chamaram-se de Indo-europeus.
Nesta longa viagem que levou vários séculos, os migrantes deixaram sua língua, que foi mudando a través dos séculos até
Que, em dado momento, os habitantes de diferentes regiões já não se entendiam entre eles e nem tinham noção do parentesco entre seus idiomas.
Os linguistas dividiram as línguas indo-europeias em grupos -como galhos de uma árvore- e de um deles, do itálico, provem o latim, língua mãe do romeno, francês, italiano, catalão, português e espanhol.
Muitas palavras do indo-europeu chegaram diretamente ao latim e outras tomadas de diferentes línguas parentes. Assim, ‘udero’ (abdôme, ventre) deu lugar em latim a ‘uterus’ (útero), mas também ao grego ‘hysterá’ (ventre).
Dessa mesma forma, a raiz indo-europeia pod- (pé) passa ao latim como ‘pes’, ‘pedis’; em germano a ‘fot’, que foi transmitido ao inglês antigo e virou ‘foot’ no inglês moderno; em francês, ‘pied’; em italiano, ‘piede’; em português, pé, e ‘pie’ no espanhol.
Traduzido e adaptado de “¿De dónde nos viene el idioma español?” de Ricardo Soca
Do latim ao espanhol
No início da era cristã, durante o império romano, Ibéria –atualmente a península ibérica- era mais uma região onde oficialmente falava-se o latim. Durante aproximadamente 500 anos esta foi a língua imposta aos povos que ali habitavam até o declínio do império, quando tribos árabes invadem, conquistam e influenciam com a sua cultura -e idiomas- as falas de toda a região, praticamente durante 700 anos, até o século XIII.
A Idade Média -sécs.V a XV- é considerada por muitos como uma época bárbara. Isto porque não há mostras de línguas romances até os séculos XII ou XIII –época da reconquista católica da região-, tudo que se conserva até então foi escrito em latim, árabe ou hebreu.
*Atentemos para o fato de que ‘bárbaro’ era utilizado pelos romanos para designar os povos que não formavam o império. O termo ainda é utilizado por sermos detentores parciais desta cultura.
• O castelhano, que com o tempo se tornaria a língua comum de todos os espanhóis, é um dialeto do latim que se desenvolveu na parte central do norte da península Ibérica.
• O castelhano é irmão das outras línguas românicas da península ibérica: o catalão e o português.
• Durante a Idade Média existiram outros dialetos latinos que foram assimilados, com o tempo, por estas três grandes línguas. Ao oeste o leonês, a leste o navarro-aragonês, e ao sul, na região dominada pelos muçulmanos, um conjunto de falas neolatinas que conhecemos com o nome de moçárabes, que foram desaparecendo na medida em que as terras eram reconquistadas pelos católicos.
Ex: Latim, ‘facere’ Português, fazer Espanhol, ’hacer’ Catalão, ‘fer’
A partir do século X, o castelhano foi expandindo em direção ao sul da península e abrindo em forma de leque, devido ao poder político de ‘Castilla’ (Castela). Abrangendo toda a região central e assimilando as línguas vizinhas, deixando isoladas o galego-português pelo ocidente e, ao oriente, o catalão.
Durante os séculos XV e XVI o castelhano vai se expandir aos poucos, devido à aproximação política das grandes monarquias hispânicas, recolhendo vozes e expressões aragoneses e leoneses configurando-se, assim, na língua comum de todos os espanhóis. Também das classes cultas da Catalunha e, inclusive em Portugal, que se mantém às margens do processo de unificação política promovido pelos Reis Católicos, o castelhano foi língua falada e cultuada pela nobreza a fins do século XV.
Ex:
Espanhol, caballero → Português, cavalheiro
Desta forma, o velho dialeto românico de um dos reinos espanhóis tornou-se língua nacional, comum a todos os habitantes do país e instrumento de comunicação com o exterior. Disto que, com o tempo, recebesse a denominação de espanhol.
Traduzido e adaptado de “La literatura española en los textos” de la edad media al siglo XIX, Felipe B. Pedraza Jiménez- Milagros Rodríguez Cáceres.